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Poluição além do limite no emissário submarino de Icaraí

Prefeitura pede que Águas de Niterói suspenda tratamento de chorume na ETE do bairro

Um relatório da Secretaria Municipal de Meio Ambiente pede que a Águas de Niterói suspenda imediatamente o recebimento de chorume (líquido resultante da decomposição de matéria orgânica) na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Icaraí. De acordo com o documento, uma análise feita pela própria Secretaria do material colhido na saída do emissário submarino do bairro — onde o chorume é despejado depois de tratado — apontou que substâncias poluentes foram encontradas em níveis acima dos permitidos na legislação. Para a Secretaria, a interrupção é necessária até que a concessionária apresente dados que provem a inexistência de risco ao Meio Ambiente. O ofício foi enviado em fevereiro para o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a Comissão de Saneamento Ambiental da Alerj, o Ministério Público e a Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade da Câmara. O MP informou que está apurando o caso. Uma audiência pública vai acontecer na segunda-feira, às 19h, no plenário da Câmara. Segundo o Secretário de Meio Ambiente, Daniel Marques, a situação leva risco de danos ambientais para a Baía de Guanabara, já que o emissário submarino desemboca na Praia de Icaraí. — É uma preocupação constante com o ambiente marinho e a Fauna daquela área — afirma. A opinião é compartilhada pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade da Câmara, Henrique Vieira (PSOL). — Ao que tudo indica, esse processo é muito mais interessante para a concessionária (Águas de Niterói), que arrecada com o procedimento, do que para o Meio Ambiente. No entanto, o bem ambiental é muito mais importante do que o lucro — reforça o vereador. A ETE de Icaraí recebe chorume dos Centros de Tratamento de Resíduos (CTR) de Seropédica, São Gonçalo, Nova Iguaçu e do Centro de Gerenciamento de Resíduos (CGR) de Itaboraí. Estes locais, por sua vez, recebem o lixo proveniente do Rio, Niterói e outros municípios da Região Metropolitana e da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Itaguaí, Nilópolis, Queimados e São João de Meriti. A licença de operação da estação de Icaraí vai até 31 de agosto e permite que o local colete 660 metros cúbicos de chorume por dia. A Águas de Niterói afirma que não teve acesso ao relatório da Secretaria municipal de Meio Ambiente e garante que os acompanhamentos mensais não mostram risco de dano ambiental à Baía de Guanabara. A empresa assegura ainda que não recebe volume de chorume maior do que o licenciado pelo Inea.

PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS

O descarregamento de chorume na ETE de Icaraí sempre provocou polêmica. Em agosto de 2012, O GLOBO mostrou que caminhões saíam do CTR de Seropédica e passavam por quatro áreas de preservação ambiental em um trajeto de 167 quilômetros até a Zona Sul de Niterói, já que o tipo de carga não permite que os motoristas trafeguem na Ponte Rio-Niterói. Na época, só o CTR de Seropédica enviava 20 veículos por dia. Cada caminhão tem capacidade para transportar 30 metros cúbicos. A Águas de Niterói cobrava R$ 80 por metro cúbico de chorume recebido, mas não disse se o valor continua o mesmo. Na ocasião, o Inea afirmou que notificaria a Ciclus, responsável pelo CTR, para que a empresa construísse uma estação própria de tratamento de chorume. O CTR de Seropédica foi inaugurado em abril de 2011, e o projeto licenciado prevê a estação própria. Já em março de 2013, O GLOBONiterói mostrou uma promessa da Secretaria estadual do Ambiente de que o recebimento de chorume na ETE de Icaraí duraria apenas mais 30 dias. Na ocasião, a informação era de que parte do chorume seria levado para a ETE de Sarapuí, em Belford Roxo, e outra parte para a ETE Alegria, no Caju, Zona Portuária do Rio. A Ciclus diz que envia apenas uma parcela do chorume, já pré-tratado, para Icaraí. O restante é encaminhado para estações da Cedae. A empresa garante que vai finalizar, até o fim do mês, a construção da estação própria. O Inea afirma que o cronograma de obras foi aprovado e está sendo acompanhado. Já a Estre Ambiental, que administra o CGR de Itaboraí, informa que, em quatro meses, vai passar a tratar o chorume numa estação própria. Enquanto isso, continuará encaminhando o material para a ETE de Icaraí. Sobre o CTR de Nova Iguaçu, a Foxx Haztec informa que a unidade possui um centro de tratamento de chorume. Quando há manutenção ou volume acima da capacidade, envia o material para a ETE de Icaraí. Em relação ao CTR de São Gonçalo, a empresa informa que envia, diariamente, quatro caminhões para Niterói. A unidade de tratamento do local deverá ficar pronta nas “próximas semanas”

 

Fonte: O Globo Niterói (16/05/2014)

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